quarta-feira, dezembro 27, 2006

até...

te revisitar de novo, em sonhos empoeirados pelas saudades por matar, deixa-te ficar por aqui... a cintilares-me a memória com raios dos sorrisos que aqui pousaste.

Fotografia: Thierry le Gouès

terça-feira, dezembro 26, 2006

the chase



We'll do it all
Everything
On our own

We don't need
Anything
Or anyone

If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world?

I don't quite know
How to say
How I feel

Those three words
Are said too much
They're not enough (...)

Forget what we're told
Before we get too old
Show me a garden that's bursting into life

Let's waste time
Chasing cars
Around our heads

I need your grace
To remind me
To find my own (...)

Forget what we're told
Before we get too old
Show me a garden that's bursting into life

All that I am
All that I ever was
Is here in your perfect eyes, they're all I can see

I don't know where
Confused about how as well
Just know that these things will never change for us at all

If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world?
Snow Patrol
E se tudo fosse tão simples como o que os teus olhos acenavam?
E se fosse tudo fosse fácil como os beijos que te fugiam?
E se pudesses vir... será que chegarias?

colorblind



As imagens nascem de uma das melhores series a que me viciei até hoje. A música é emprestada pelos Counting Crows. E a história... bem, a história é a de um amor que existe em tela, a cores, semelhante aos de carne e osso, aqueles que também se vivem aqui, no tropeçar dos dias, a cegar a razão e roubar o folêgo ao coração, sem retoques de luz ou diálogos refeitos.
O resto...o resto é para se sentir...

"At the end of the day, there are some things you just can't help but talk about. Some things we just don't want to hear, and some things we say because we can't be silent any longer. Some things are more than what you say, they're what you do. Some things you say cause there's no other choice. Some things you keep to yourself. And not too often, but every now and then, some things simply speak for themselves."

segunda-feira, dezembro 25, 2006

pelo que não se vê, neste Natal

O que aqui não se pode ver ou escrever, é o que emana do calor que nos une a quem está, indelevelmente, preso a nós.
E é essa a essência do que realmente importa, do que não se diz, do que nos amarra, do que respira cá dentro, todos os dias, nos de natal também. O que é invisível aos nossos olhos, viciados na forma e nas palavras, e o que nos faz sorrir de ternura e embalo, ainda e apesar de qualquer lágrima que possa rolar.
É então que inspiro, expiro, suspiro e sei que, mesmo que por instantes, sou feliz por me terem prendido e por puder cumprir as promessas que deixo gravadas na alma de alguém.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

all around


É o ínicio de um daqueles filmes com que as televisões e os cinemas usualmente nos brindam nesta altura do ano - Love Actually.
Muitos dirão que é lamechas, cliché ou banal. Mas não para mim. Para mim, e à parte de todos os chavões intelectuais, este é um filme sobre o Amor, de facto. O que vive connosco desde sempre ou aquele em que chocamos, de rompante, numa qualquer rua num dia igual a todos os outros. O que encontramos nos sítios do costume e o que nos assalta nos locais mais improváveis. O que se diz e escreve e também o que nos surge disfarçado em gestos, olhares, silêncios ou palavras. O que se ganha e o que se perde. E também sobre os que nunca partem de facto.
E por isso me há-de sempre enternecer vê-lo. Talvez por me lembrar de todos os Amo-te's que, por esquecimento, pressa ou medo, deixamos por dizer, e também de todos aqueles que proferimos sem o peso das palavras, todos os dias, a quem nos enche o coração.
Neste tempo de frio, aconchego, coração derretido, luzinhas, dinheiro esbanjado, cheiro a castanhas, dias a correr e ternura vertida em goles de café, olhares a acompanhar talheres e beijos embrulhados de Feliz Natal, aqui fica o meu AMO-TE a quem o devo todos os dias, por morarem cá dentro e por valer a pena dizê-lo.
Love actually is all around. Basta olhar-se de perto, com o coração.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

esquecida

E temos de nos vestir de nós, à pressa, a roupa desbotada de todos os dias. A roupa que mal nos pertence, como uma farda incómoda. E a verdade é que, às vezes, mal me lembro de mim. Recito-me de cor como uma melopeia, sem me ouvir. Vou-me desvanecendo pelo caminho. Deixo o sorriso ali, certos gestos mais além, uma canção de que gostava perdida numa gaveta. Esqueço-me de me procurar. Esqueço-me. Deixo-me em casa. Deixo-me em qualquer lado, como um guarda-chuva. E nunca sei que responder quando me perguntam o que é feito de mim. O que é feito de todos nós? O que é feito do que somos feitos?
Dizia-te que voltei, no outro dia. Que achava que sim. De uma longa migração no estrangeiro do que mais sou. E, às vezes, queria mesmo que sim. Queria virar-me subitamente e ver-me lá, como antes. E chamo muitas vezes por mim. Pela que fui. Ou pela que julgo ter sido. Mas mais vezes pela que não consegui ser. Pela pessoa que sei que seria. Toda a gente era para ser outra, como se sabe.
De qualquer modo, se me vires, por exemplo, numa carta por enviar que deixei dobrada num livro que te tenha emprestado, devolve-me. Alisa os vincos e os cantos dobrados (sabes como detesto cantos dobrados) e devolve-me. Tenho-me feito muita falta.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

cieiro


Há um frio agreste nestes dias e um sol que promete um calor que não dá. Há um vento que me greta os rebordos do que ainda aqui sobrevive sem dono. Uma lágrima que cai, por força maior, por me saber longe de onde as tuas cairam sem as puder amparar.
Pena de não teres sido tu... de não ter sido eu... a esticar a mão. Tempo que não volta para se repor o que faltou. Pena do que vida trás, e depois tira, tatuando, por dentro, para sempre. Há coisas que não são para apanhar, apenas para fazerem parte de nós, pelo tempo que o tempo deixar.
Talvez haja um perdão para o que não soubémos fazer de outra forma, ou não pudémos ser. Um perdão que cure o cieiro dos corações imprudentes e temerosos. Talvez só ele nos possa agasalhar deste frio que nos trespassa a alma, de vez em quando.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

traçando... cruzando...

"At some point, you have to make a decision. Boundaries don't keep other people out. They fence you in. Life is messy. That's how we're made. So, you can waste your lives drawing lines. Or you can live your life crossing them. But there are some lines... that are way too dangerous to cross."
Meredith (Grey's Anatomy)

Fotografia: Thierry le Gouès

terça-feira, dezembro 05, 2006

mais um



"(...) wish there was something
I could say or do
I can resist anything
but the temptation from you
but I'd rather walk alone
than chase you around
I'd rather fall myself
than let you drag me down
it wouldn't have worked out any way
so now it's just another lonely day
further along we just may
but for now just another lonely day (...)"


Chama-se Another lonely day, por Ben Harper.
A mim apeteceu-me hoje partilhá-la aqui. Podia ter sido num outro qualquer dia, menos chuvoso até. Afinal, há águas que nos trespassam sempre os dias, seja qual for a meterologia prevista. São essas que permanecem e não precisam de estação para nos inundarem as horas, de quando em quando.
Hoje, é mais um desses dias... , em que o calor artificial e calculado não basta para secar o enssopar da chuva que não pára de cair, lá fora.


segunda-feira, dezembro 04, 2006

sopros

Podes vir. Soprares-me as lágrimas que não sei esgotar com os gestos do que ainda te restar de mim nesse peito.
Há dias em que me descubro assim. Despida. Sem ti. Sem mim. Sem encontrar resgate nas margens de dias cheios de pequenos nadas. Há dias assim. Mais frios, mais acutilantes, mais enublados, mais águados do que me sobra.
Talvez a ti não te reste já nada e o que um dia me sopraste ao coração se tenha sustido, a custo de tanto de se calar ou se adormecer.
Talvez um dia também eu me esqueça, quando já não souber como me lembrar ou nada me sobrar.

Fotografia: Christian Coigny