quinta-feira, dezembro 14, 2006

cieiro


Há um frio agreste nestes dias e um sol que promete um calor que não dá. Há um vento que me greta os rebordos do que ainda aqui sobrevive sem dono. Uma lágrima que cai, por força maior, por me saber longe de onde as tuas cairam sem as puder amparar.
Pena de não teres sido tu... de não ter sido eu... a esticar a mão. Tempo que não volta para se repor o que faltou. Pena do que vida trás, e depois tira, tatuando, por dentro, para sempre. Há coisas que não são para apanhar, apenas para fazerem parte de nós, pelo tempo que o tempo deixar.
Talvez haja um perdão para o que não soubémos fazer de outra forma, ou não pudémos ser. Um perdão que cure o cieiro dos corações imprudentes e temerosos. Talvez só ele nos possa agasalhar deste frio que nos trespassa a alma, de vez em quando.