segunda-feira, outubro 30, 2006

Front of

Stop breathing I'm trying to get some sleep
Stop breathing allow me to repeat
Keep breathing I guess it would disturb
Keep breathing the road is getting long
Maybe I will find you in another place
Maybe I will find you with somebody else
Keep breathing life is hard to play
Keep breathing we haven't find the way
Stop breathing this game it makes no sense
Stop breathing
Maybe I will find you in another place
Maybe I will find you with somebody else
The things that they said us
The things that we run off
Though we try to move over
After all that we saw
The stage is clear, the view is soft
But it's so cold, warm enough
The game is set, and too much players again,
And here we are, in front of them again
...
The Gift
As reticências foram acrescentadas por mim, por os fins se quererem suspensos, quando não se podem marcar ou escrever. Seja como for, de frente, estou para o que há-de vir, do mesmo ou do mesmo com outros rostos, outros perfumes.
De frente. Seja como for. Para dentro e fora de mim. Será.
Fotografia: Jenny Gace & Tom Betterton

domingo, outubro 29, 2006

querias?

Que este ar te tocasse a pele? Que este calor te queimasse o corpo?
Querias amor sussurrado com línguas de fogo, a amarrar-te as mãos e o juizo?
Querias?
Que te puxasse, te empurrasse, te esbofeteasse a vergonha e te atirasse para dentro de cetim errudilhado?
Querias que te vendesse verdades decifradas nos olhos, a susterem a esperança pequena?
Querias?
Que te enxarcasse a pele e o tino com mãos de água turva de quereres e não puderes?
Querias que te desmascarasse o desejo e te rasgasse as certezas para depois te vestir com trapos de beijos atrás da orelha e arranhadelas nas costas?
Querias?

Não. Hoje não.
Hoje parti antes de chegar. Hoje ficarás só, na nossa morada de estrelas, a respirares a falta que então saberás que te faço.

Fotografia: Michael Thompson

sexta-feira, outubro 27, 2006

lembras-te?


I am at ease in the arms of a woman
although now most of my days are spent alone
a thousand miles from the place I was born
But when she wakes me she takes me back home

Now most days I spend like a child
who’s afraid of ghosts in the night
I know there ain’t nothing out there
I’m still afraid to turn on the light

I am at ease in the arms of a woman
although now most of my days are spent alone
a thousand miles from the place I was born
but when she wakes me she takes me back home

A thousand miles from the place I was born
But when she wakes me she takes me back home

Amos Lee
Eu sei que não poderias esquecer-te. Foi há muito tempo. Quando ainda nos era desconhecido o sabor dos depois um sem o outro. Quando os amanhãs se teciam com os mesmos toques e cheiros dos ontens. Com os meus braços e o teu calor. Quando não sabiamos senão a tua e a minha pele. E os teus olhos a pedirem os meus, e eu aí, e tu a empurrares (-me) (-te) o medo. Quando nos roubávamos as manhãs a espreguiçar a ternura dos corpos cansados e as noites eram cozidas à medida do nosso desejo sem fim, a ceder às tentações, a sacudir os anjos e os diabos de dentro. Quando todas as esperas iam dar a ti e todas as saudades encontravam o seu caminho até mim. Quando ainda havia tanto por se fazer e por acontecer...
Não sabíamos que poderiamos não chegar. Não sabiamos que o amor pode arder até doer e que há saudades que não se podem matar.
Então, também eu não sabia que esta música ficaria cravada, juntamente com todos os pedaços de ti, no canto esquerdo, bem no fundo do meu coração.

quarta-feira, outubro 25, 2006

fácil de entender

Talvez por não saber falar de cor, imaginei
Talvez por saber o que não será melhor, aproximei
Meu corpo é o teu corpo, o desejo entregue a nós...sei lá eu o que queres dizer.
Despedir-me de ti, "Adeus, um dia, voltarei a ser feliz."
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.
Talvez por não saber falar de cor, imaginei.
Triste é o virar de costas, o último adeus sabe Deus o que quero dizer.
Obrigado por saberes cuidar de mim, tratar de mim, olhar para mim...
Escutar quem sou e se ao menos tudo fosse igual a ti...
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.
É o amor que chega ao fim. Um final assim, assim é mais fácil de entender...
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse é mais fácil de entender.
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.
The Gift
Fotografia: Christian Coigny

terça-feira, outubro 24, 2006

(a)madurar

Um dia voltarei à morada das papoilas
colher os versos vermelhos
que semeei na seara.
Um dia o vento estará maduro.
Albano Martins
Fotografia: Ewa Brozowska

domingo, outubro 22, 2006

I'm not ready for this sort of thing



Chama-se Anna begins e é uma das minhas preferidas dos Counting Crows. De antes e de hoje também.
Não há vez que a ouça que não se atrevam lágrimas a humedecerem-me os olhos. Histórias de outros dias, outros rostos e outros apertos no peito. Há muito tempo. Ou talvez não. Talvez seja a vida que se repete sem rebobinar. A apanhar-me desprevenida, uma e outra vez.

estrela cadente

Por aqui, palavras rasgadas, verdades despidas, sonhos esburacados.
Não consigo dormir. Deve ser o apagar das estrelas que me habitavam nos olhos que me escurece as noites e assombra o sono.
Assim seja. Antes a escuridão limpa, que uma claridade cega. Afinal, por detrás de cada estrela que cai está um céu a segurar milhares delas, por brilhar e por cair. Apenas o bréu para que se mostrem.
Por esta que desabou, um desejo. Só meu.
Agora, preciso de fechar os olhos, despedir-me, e dormir.

Fotografia: Alan Cresto

sexta-feira, outubro 20, 2006

vícios

quantas vezes apostaste a tua vida?
apostei a minha vida mil vezes.
perdeste tudo?
sim, perdi sempre tudo.
José Luis Peixoto
Fotografia: Eryk Fitkau

quarta-feira, outubro 18, 2006

abraça-me

Tenho labaredas e lágrimas trocadas, diluídas, a deslizar pelas paredes do que não se pode tocar. Não sei como desatar o nó que me estrangula o que já não sei dizer. Se tudo o que podia vaza dos meus olhos e não da minha boca quando se cruzam com os teus.
Tenho medo. E vontade dos teus braços à minha volta, a desembaraçarem-me o coração apertado, a enxotarem os fantasmas, a dispensarem as palavras e dizerem que vai ficar tudo bem.

Fotografia: Christian Coigny

náufragos


"As palavras não valiam nada, eram só palavras. Ela já existia antes delas. Ela continuaria a existir depois delas. Ela esqueceria todas as palavras, todas as perguntas, os sons aflitos. Ele fechava os olhos para não ter de ver o que quer que fosse que se mostrasse, e sentia uma terna dor abraçar-lhe o corpo. (...)
O coração batia-lhe tão alvoraçado como se quisesse escapar para outro lugar. Outras vezes uma paz envolvia-a como se estivesse atacada por uma espécie de morte. O presente espalhava-se como uma mancha, para trás e para a frente vencendo a crista da onda dos instantes. O tempo é clemente com os apaixonados. Um lugar onde podem proteger os seus corpos. Até restarem só as incandescentes palavras.
Sentia-se apaixonado como pela primeira vez. Diante da face dela o mundo inteiro parecia-lhe supérfluo. Não consegua deixar de a olhar(...) A face dela permitia que o tempo avançasse, se fosse abrindo à sua frente. Sem ela corria o perigo de as coisas todas estacarem, o mar secar e o céu cair. (...) Ele levantava-se, continuava a olhá-la e não conseguia dizer uma palavra. A sentir essa estranha ansiedade na alma. Como se fosse pela última vez. (...)
Estavam apaixonados um pelo outro. Não sabiam quando isso lhes tinha acontecido, ou como ou porquê. Ou sabiam ambos que isso lhes tinha acontecido desde o primeiro instante em que tinham sabido um do outro, ou mesmo um pouco antes, que era fatal, que mais nada tinha qualquer sentido. Que no príncipio e no fim de qualquer hora, de qualquer trajecto, argumento, sonho ou pesadelo se encontravam um ao outro, voltavam a estar eles, só eles."

Pedro Paixão

Fotografia: Hugh Arnold

terça-feira, outubro 17, 2006

por mexer

They say that time changes things, but you actually have to change them yourself.
Andy Warhol

Fotografia: Cliff Watts

o sorriso



Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

Eugénio de Andrade
... dos lábios. e o dos olhos.
e o do corpo todo também.
Fotografia: GettyImages

segunda-feira, outubro 16, 2006

de olho em ti



"Since you've gone I've been lost without a trace
I dream at night I can only see your face
I look around but it's you I can't replace
I feel so cold and I long for your embrace
I keep crying baby, baby please

Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake
Every claim you stake

I'll be watching you"

Sting, Every breath you take

Sting canta, como só ele pode. Eu verto-o aqui e deixo que por mais uma vez (só mais uma) me roubes o fôlego, ou que resta dele, enquanto me chegas escondido entre as letras e os acordes do que se ouve deste lado.

domingo, outubro 15, 2006

waiting

Já perdi o trilho do que me trouxe aqui.
Não sei contar os dias do antes e do depois, do te morrer nos braços e do morrer sem ti. Já não sei se gela ou queima isto que me corre nas veias. Não sei como desembaraçar esta saudade que me errudilha as noites ou para que lado virar as certezas se não sei onde moram as tuas.
Já não sei à quanto tempo espero ou por quê. Sei que estou aqui, já com o coração dormente por me ter assim quieta, com o teu peso todo sobre ele.

Fotografia: Christian Coigny

haja o que houver


Haja o que houver
Há sempre um homem para uma mulher
E há de sempre haver
Para esquecer um falso amor
E uma vontade de morrer

Seja como for
Há de vencer o grande amor
Que há de ser no coração
Como um perdão pra quem chorou

Vinicius de Moraes

Fotografia: Barnaby Hall



sexta-feira, outubro 13, 2006

superstição



Se o sinal passar agora a verde ou o carro em sentido contrário for branco; se não chover até amanhã, o telemóvel tocar no próximo minuto, eu chegar a casa antes de ser noite ou se depois da esquina estiver alguém em pé à espera; se este cão atravessar a estrada ou o homem gordo me sorrir de volta, se o miúdo der a mão à mãe ao cruzar a passadeira, a farmácia estiver aberta e eu for atendida logo; se a nuvem em forma de oito não se desfizer em zeros ou se ainda houver o jornal de ontem na papelaria da esquina; se atrás do pombo ali pousado vier um outro, a seguir-lhe o amoroso trilho, ou se o locutor repetir a palavra hoje entre os dois noticiários; se aquela mota me ultrapassar antes de eu curvar para a esquerda ou se a matrícula da frente for ímpar, é porque voltas para mim.

Fotografia: Nicolas Moore

dos imponderáveis

do amor.
Do que nos foge. Do que não podemos agarrar. Do que se perde. Do que se estranha primeiro e entranha depois.

Robert Kincaid: But now that you have it...
Francesca: I want to keep it forever. I want to love you the way I do now the rest of my life. Don't you understand... we'll lose it if we leave. I can't make an entire life disappear to start a new one. All I can do is try to hold onto to both. Help me. Help me not lose loving you.

Clint Eastwood e Meryl Streep
in Bridges of Madison County

Fotografia: Christophe Kutner

terça-feira, outubro 10, 2006

à chave

" Quero a luz escura dos sonhos contagiados
As sobras das almas que inventámos
O coração ardido dos antigos namorados
As histórias que afinal não contámos. "

Inês Pedrosa

Tranco-me os demónios. Solto-te a ti.

Fotografia: Sydney Shaffer

domingo, outubro 08, 2006

tanto

... por fazer.
Não digas nada. Agora já é tarde para desbaratarmos palavras gastas de tanto as ensaiarmos sem nunca ecoarem fora de nós. Cala-te. Não desperdices mais o que a cobardia nos foi adiando e o que as tuas mãos te tremem e gritam agora. Não digas nada. Pousa aqui os teus lábios. Devagar, muito devagar. Vamos apagar com a língua o que a distância nos cravou na pele. Beija-me.

Fotografia: Barnaby Hall

cala a minha boca com a tua II

"Por isso quis muito e não quis nada que visses os meus olhos, fixasses as veias das minhas mãos. Quis muito e detestei a ideia de estar frente a ti falando de coisas simples e banais, usando as palavras que se usam, que todos usamos. E tive terror que me descobrisses por detrás da máscara (...).
Como gostava de ser um dos meus gatos que não põe em questão o imenso trabalho de ter, sempre e inutilmente, de justificar a sua vida.
Teu, beijando-te as palmas das mãos e pedindo-te perdão por ser assim.

Aguentaram enquanto puderam. Depois encontraram-se. Ninguém sabe porquê. Nem eles."

Pedro Paixão

Fotografia:Peter Lindbergh

cala a minha boca com a tua I

"Chamas um táxi, dás a minha morada ao condutor, olhamo-nos nos olhos como se tentássemos fixar alguma coisa, ou chamar por alguma coisa que ficou por dizer, ou simplesmente nada. O táxi pára, não nos beijamos, dizemos "see you", e eu adivinho que te espera, impaciente, o teu outro amante com o meu nome.
(...) We must love one another or die."

Pedro Paixão

Fotografia: Eryk Fitkau

sábado, outubro 07, 2006

come here


mais perto. deixa-me ter assim o teu perfume a enebriar-me a razão e as tuas mãos a arderem-me no corpo. eu a descobrir-te os segredos. tu a vasculhares-me a pele por suar. anda. perto. assim, não te mexas. os nossos olhares cruzados. os corpos também. quero levar-te assim, embrulhado a mim, de olhos fechados. para que no dia em que não mais tu estejas aqui e eu aí, e novamente exista espaço vazio entre nós, te respire o mesmo calor. embrulhado a mim. perto. mais perto.
come here.

Fotografia: Douglas Bizzaro & Elisabeth Moss

sexta-feira, outubro 06, 2006

do amor e outros demónios

a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência.
não esqueço que os teus lábios existem longe de mim.
aqui há casas vazias. há cidades desertas. há lugares.

mas eu lembro que o tempo é outra coisa, e tenho
tanta pena de perder um instante dos teus cabelos.

aqui não há palavras. há a tua ausência. há o medo sem os
teus lábios, sem os teus cabelos. fecho os olhos para te ver
e para não chorar.

José Luis Peixoto

quinta-feira, outubro 05, 2006

e se hoje fosse outro dia?

Where the cars go by
All the day and night
Why don't you say
What's so wrong tonight
Pray for me
Praying for the light
Baby, Baby, let's go out tonight

Where the lights all shine
Like I knew they would
Be mine all mine
Baby I'll be good
Pray for me
Praying for the light
Baby, Baby, let's go out tonight

I know a place
Where everything's alright, alright
Let's go out tonight

Where the cars go by
All the day and night
Why don't you say
What's so wrong tonight
I pray for love
Coming out alright, yeah
Baby, Baby, let's go out tonight, yeah
Baby, Baby, Baby, let's go out tonight
The Blue Nile

Daqueles em que nos despímos de desculpas escangalhadas e atiramos o medo para um qualquer bolso perdido. E se vestissemos as verdades esfarrapadas pela corrosão dos dias e fossemos passear com as decisões acertadas?

quarta-feira, outubro 04, 2006

o que este vento varre, revira, assenta. Nada no seu(meu) lugar. Só este espaço por pintar no recôndito do coração. Só o que respira clandestino no lado oculto dos dias. Só.
De resto, nada a declarar.

segunda-feira, outubro 02, 2006

de anjo



Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always one reason
to feel not good enough
and it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh beautiful release
memory seeps from my veins
let me be empty
and weightless and maybe
I'll find some peace tonight

In the arms of an angel
fly away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort there

So tired of the straight line
and everywhere you turn
there's vultures and thieves at your back
and the storm keeps on twisting
you keep on building the lies
that you make up for all that you lack
it don't make no difference
escaping one last time
it's easier to believe in this sweet madness oh
this glorious sadness that brings me to my knees

Allison Crowe empresta a voz a este trago de alma, original de Sarah McLachlan.

São momentos como o que levita nestes 5 minutos de pranto cantado que me arrepiam o avesso da pele e te fazem querubim desta noite de lençóis por revirar e amor por verter.
Faltam os teus braços. Demasiado distantes para me fazerem voar. E ficar.

domingo, outubro 01, 2006

happy birthay to you

Selvagens. Ainda assim, fragéis e luminosas. Como tu.
Hoje, no dia que te celebra pela vigézima quinta vez, aqui te deixo este toque de beleza, para que te comovas e nunca deixes de acreditar. Em ti, sobretudo.

sem asas

Porque me visitas assim, sem que possa tocar-te com mãos de veludo emprestado pela tua ternura adiada?
Porque vens assim, sem que possa roubar-te todos os beijos que os teus olhos me pedem e a minha boca ressaca?
Se ao menos pudesses tu encontrar-me numa dessas nuvens de sono esburacadas para que parto na hora dos gatos pardos e me amparasses a queda num dos teus sorrisos acabadinhos de acordar.

Fotografia: Jenny Gace & Tom Betterton