domingo, setembro 10, 2006

regresso


Estou de regresso ao que deixei para trás, quando me empurrei para o outro lado da linha, ao ver o fim de um destino que não era para ser este ou o meu.
Volto sem bagagem para o que é meu mas já não me pertence. Pelo menos, não como quando o larguei à pressa, sem tempo para dobrar ou arrumar os bocados entalados na mala demasiado pequena para caberes lá dentro. Então, ainda me era díficil encontrar sítio onde coubesses sem rebentares com os fechos e aloquetes que puxei atabalhoada e esfoguedamente com medo que o que se espalhasse e sobrasse fosse demais para eu carregar sozinha, de uma vez só.
Regresso sem peso e sem ti, para uma vida que é a minha, cheia de tudo o que fica e sobrevive aos desaires e tropeções do caminho em que levitamos, esmorecemos, corremos ou paramos e que julgamos o certo. Agora, é tempo de o percorrer de pé e com vagar, recolher o que ficou disperso e esquecido por aqui e me devolver o que me foi arrancado a ferro e fogo.
É bom estar de volta.

Fotografia: Fabio Chizzola