quarta-feira, agosto 30, 2006

escarlate


Há poucas coisas que se amam num trago e sem razão que se entenda. que se saboreiam com vagar e consomem sofregamente quando é tempo delas. que vão bem com tudo e sem nada a acompanhar. que sabem melhor selvagens do que quando cultivados por querer. que nos fazem suspirar, perder o tino e esperar que voltem a nascer.
Estes frutos, vermelhos de nome, encaixam para mim nesta categoria de prazeres intensos, silvestres e temporários. Tu também. mas desta, encarnada eu por ti.
Tive-vos a ambos, ao mesmo tempo ou em separado. Hoje, quando já não é o tempo deles nem o teu, voltaria a provar-vos uma e outra vez. Todas as vezes.
É enquanto duram que estes pedaços de vida se devem saborear.

Fotografia: GettyImages